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Leitura Diária - GÊNESIS
Leitura Diária - GÊNESIS

       

 


(VERSÃO: BÍBLIA VIVA)

 

PLANO DE LEITURA DA BÍBLIA 

FEVEREIRO

 

 Gênesis

(capítulos 33 ao 50)

  Marcos

Ester

Lucas

Êxodo

 


 

 

Gênesis

 

CAPÍTULO 33

1 - DE LONGE JACÓ viu que Esaú vinha vindo ao encontro dele. Com Esaú vinham quatrocentos homens. Então Jacó fez com que os filhos dele ficassem com as mães.

2 - Organizou o grupo todo, colocando na frente as criadas com os filhos delas. Logo em seguida colocou Lia e os filhos dela. Por último, Raquel e José.

3 - Depois, ele mesmo foi na frente. Conforme foi chegando perto do irmão, Jacó se inclinou sete vezes diante dele.

4 - Mas Esaú correu e abraçou fortemente Jacó, e o beijou. E os dois se puseram a chorar.

5 - Dai Esaú viu as mulheres e as crianças, e perguntou: "Quem são estes aí?" "São os filhos que Deus bondosamente deu a este seu servidor, " respondeu Jacó.

6 - Nesse meio tempo, chegaram as criadas e seus filhos, e se inclinaram diante de Esaú.

7 - Chegaram também Lia e seus filhos, e se inclinaram. Finalmente chegaram Raquel e José, e se inclinaram.

8 - "Com que intenção você mandou esses rebanhos todos que encontrei?" perguntou Esaú. Jacó respondeu: "São presentes que lhe mandei, para que você me recebesse bem! "

9 - Disse Esaú: "Ora, eu tenho muitas riquezas, meu irmão. Guarde o que é seu."

10 - "Não, " respondeu Jacó."Queira aceitar o meu presente. Você não imagina o bem que me faz ver você me recebendo assim! Pois eu estava vindo ao seu encontro como se estivesse enfrentando o próprio Deus!

11 - "Por favor, aceite o presente que eu lhe trouxe. Pois Deus tem sido muito generoso para comigo. O que tenho é mais que suficiente para mim." E insistiu tanto, que Esaú acabou aceitando.

12 - "Bem, " disse Esaú."Vamos embora. Eu e os meus homens vamos junto com vocês."

13 e 14 - "Não convém, " disse Jacó."Você vê que as crianças que trago são pequenas. Além disso, tenho na caravana ovelhas e vacas de leite, com crias muito novas. Se tiverem que seguir marcha rápida, morrerão. Portanto, é melhor que você vá na frente. Nós iremos mais devagar, acompanhando o passo natural do gado, e o passo das crianças. Chegando em Seir, procuraremos você."

15 - "Está bem, " disse Esaú."Mas pelo menos permita que eu deixe alguns dos meus homens para ajudar a sua gente." "Não é preciso, " falou Jacó."O fato de você me receber bem já é o bastante para mim."

16 - Assim Esaú começou a viagem de volta para Seir.

17 - Enquanto isso, Jacó rumou para Sucote. Ali Jacó construiu alojamentos para ele e barracas para os animais. Por isso aquele lugar recebeu o nome de Sucote, que quer dizer "Barracas".

18 - Completando a viagem de volta de Padã-Harã, Jacó chegou são e salvo à cidade de Siquém, em Canaã. Chegando lá, Jacó acampou perto da cidade.

19 - Ele comprou o terreno em que montou o acampamento. Era propriedade da família de Hamor, pai de Siquém. Pagou cem peças de prata pelo terreno.

20 - Jacó construiu ali um altar, ao qual deu o nome de "El-Elohe-lsrael" - que significa" A Deus, o Deus de Israel".

 


CAPÍTULO 34

1 - UM DIA, DINÁ filha de Lia, saiu para conhecer as moças da cidade.

2 - Quando Siquém, filho do rei heveu Hamor, viu Diná, forçou a moça e a humilhou.

3 - Mas ele ficou apaixonado por Diná, e procurou conquistar o afeto dela.

4 - Siquém disse a Hamor, pai dele: "Veja se me consegue a mão dessa moça. Quero casar com ela."

5 - Jacó ficou sabendo o que tinha acon­tecido com sua filha Diná. Os filhos dele não souberam, porque estavam cuidando do gado, no campo. Jacó ficou quieto sobre o assunto, até à volta dos filhos.

6 - Nesse intervalo, Hamor, o pai de Siquém, foi falar com Jacó.

7 - Quando Hamor estava lá, chegaram os filhos de Jacó. Ao saberem o que tinha acontecido, ficaram furiosos. O motivo da raiva deles era grave, porque Siquém tinha praticado uma loucura contra a família de Israel, violentando Diná.

8 - Disse Hamor: "Meu filho Siquém está de fato muito enamorado da moça. Ele quer casar com ela. Por favor, deixem que se casem.

9 e 10 - "Aliás vai ser bom que fiquemos aparentados. As suas filhas poderão casar com os filhos do meu povo. E as filhas do meu povo poderão casar com os seus filhos. Moraremos juntos. Nossa cidade está à disposição de vocês. Podem se estabelecer aqui, negociar e adquirir propriedades."

11 e 12 - O próprio Siquém falou ao pai e aos irmãos de Diná."Peço que sejam bondosos para comigo, " disse ele. Deixem que eu case com a moça. Estou disposto a pagar com o dote que vocês quiserem. Só peço que me concedam Diná em casamento! "

13, 14, 15, 16 e I7 - Os irmãos de Diná responderam com traição a Hamor e a Siquém, por causa do mal que o rapaz tinha praticado. Disseram: "Não é possível isso. Vocês são incircuncisos. Seria uma vergonha para ela e para nós, casar com um homem não circuncidado. Só com uma condição podemos permitir o casamento. É que todos os homens do seu povo sejam circuncidados. Assim ficarão como nós. Dai sim, poderemos dar nossas filhas a vocês em casamento, poderemos casar com suas filhas, e viveremos juntos como um só povo. Se não concordarem, levaremos Diná e iremos embora daqui."

18 - Hamor e Siquém gostaram da idéia.

19 - Siquém tratou de levar logo adiante o plano, porque ele estava muito apaixonado pela filha de Jacó. Seria fácil convencer o povo, porque Siquém era o mais respeitado membro da família real.

20 - Hamor e Siquém convocaram os cidadãos para uma assembléia no lugar de costume - à porta da cidade.

21 - "Aqueles homens são nossos amigos, " disseram eles."É bom que eles morem em nossa terra e façam aqui os seus negócios. Nosso território é grande. Não será problema o sustento deles. As filhas deles poderão casar com os nossos filhos, e as nossas filhas com os filhos deles.

22 - "Eles só impõem uma condição para conviverem conosco. E é que todos os homens da nossa cidade sejam circuncidados, como eles são.

23 - "Mas, pensem nisto: se concordarmos, tudo o que eles têm será nosso. Tratemos de concordar com eles, e se estabelecerão aqui."

24 - Os cidadãos concordaram. Começando por Hamor e Siquém, todos os homens foram circuncidados.

25 - Mas três dias depois, quando as feridas da operação estavam mais doloridas, aconteceu o que não esperavam. Dois dos irmãos de Diná - Simeão e Levi - tomaram espadas, entraram na cidade e mataram todos os homens!

26 - Hamor e Siquém também foram mortos. Os dois irmãos tiraram Diná da casa de Siquém e foram embora com ela.

27 - Depois todos os filhos de Jacó saquearam a cidade - porque a irmã deles tinha sido violentada.

28 - Levaram com eles os rebanhos, as boiadas, as tropas de jumentos. Levaram tudo que encontraram dentro da cidade e nos campos ao redor.

29 - Não levaram só os bens, mas também as crianças e as mulheres como prisionei­ras. Não deixaram nada!

30 - Então disse Jacó a Simeão e Levi: "Quanta aflição vocês me causaram! Agora vou ser odiado pelos que moram nesta terra - pelos cananeus e ferezeus. Somos muito poucos. Será fácil para eles acabar conosco de uma vez! Eu e a minha família seremos destruídos!"

31 - "Ora'', responderam."E devíamos deixar que ele tratasse nossa irmã como se ela fosse uma prostituta?!"

 


CAPÍTULO 35

1 - "MUDE PARA BETEL e fixe residência lá, " disse Deus a Jacó."Chegando lá, faça um altar. É para prestar culto ao Deus que lhe apareceu quando você estava fugindo do seu irmão Esaú."

2 - Jacó mandou toda a gente dele destruir os ídolos que ainda conservava. Mandou que todos se lavassem e vestis­sem roupas limpas.

3 - "Pois vamos para Betel, " disse ele."Lá vamos construir um altar ao Deus que atendeu às minhas orações no dia do meu sofrimento. Sim, ao Deus que esteve comigo em todo o caminho por onde andei."

4 - Eles obedeceram. Deram a Jacó todos os ídolos e os brincos que tinham. Jacó enterrou tudo aquilo debaixo do pé de carvalho que fica perto de Siquém.

5 - Então partiram. E o terror de Deus dominou todas as cidades perto das quais passaram, e ninguém atacou a caravana de Israel.

6 - Jacó e sua gente chegaram sãos e salvos em Luz - também chamada Betel ­cidade situada no território de Canaã.

7 - Jacó construiu ali um altar. Deu ao altar o nome de El-Betel, que significa "Deus de Betel". Porque foi em Betel que Deus apareceu a Jacó, quando estava fugindo de Esaú.

8 - Depois destes acontecimentos, morreu Débora, a ama de Rebeca. Foi enterrada debaixo de um pé de carvalho, perto de Betel. Essa árvore se chama AlomBacute, que quer dizer "Carvalho das Lágrimas".

9 - Tendo voltado de Padã-Arã, Deus apareceu de novo a Jacó e o abençoou.

10 - Disse Deus a ele: "Você não se chamará mais Jacó - isto é, "Suplantador". O seu nome será Israel - que quer dizer, “Aquele que luta com Deus”.

11 e 12 - "Eu sou o Deus Todo-poderoso, " disse o Senhor."Farei com que você tenha muitos descendentes que hão de se multiplicar muito, formando uma grande nação. Mais que isso: os seus descendentes darão muitas nações e muitos reis. E passarei para você, e depois para os seus descendentes, a terra que dei a Abraão e a Isaque."

13 - Acabando de falar estas palavras, Deus se retirou do lugar em que tinha falado com Jacó.

14 e 15 - Jacó fez um pilar de pedra no lugar onde Deus tinha falado com ele. Depois derramou vinho e azeite de oliveira no pilar. E deu ao lugar o nome de Betel - ou seja, "Casa de Deus".

16 - Jacó e a família saíram de Betel e foram a Efrata - que é Belém. Quando faltava pouco para chegarem, Raquel deu à luz um filho. Sofreu muito durante o nascimento dele.

17 - A parteira procurou animar Raquel, dizendo: "Coragem! Nasceu o menino!"

18 - Raquel estava morrendo, mas conseguiu dar nome ao filho. E o nome que lhe deu foi Benoni, que significa "Filho da minha tristeza". Em seguida, saiu a alma de Raquel. Jacó deu ao menino o nome de Benjamim, que quer dizer "Filho da minha mão direita".

19 - Assim morreu Raquel. Foi enterrada ao lado da estrada de Efrata - também chamada Belém.

20 - Jacó fez um monumento de pedras sobre o túmulo de Raquel. E lá está até hoje.

21 - Feito isso, Israel continuou viagem, e acampou para lá da torre de Éder.

22 - Enquanto estava morando ali, Rúben se deitou com Bila, concubina do pai dele. E Israel ficou sabendo disso. Esta é a lista dos nomes dos doze filhos de Jacó:

23 - Filhos de Lia: Rúben, o filho mais velho de Jacó, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom.

24 - Filhos de Raquel: José e Benjamin.

25 - Filhos de Bila, criada de Raquel: Dã e Naftali.

26 - Filhos de Zilpa, criada de Lia: Gade e Aser. Estes são os filhos de Jacó, nascidos em Padã-Arã. '

27 - Finalmente Jacó chegou à casa de seu pai Isaque, em Manre, distrito de Quiriate-Arba - atual Hebrom. Abraão também tinha morado lá.

28 e 29 - Não demorou e Isaque morreu. Alcançou a bela idade de 180 anos! Isaque morreu e foi reunido ao povo dele. Esaú e Jacó fizeram o enterro do pai.

 


CAPÍTULO 36

1, 2 e 3 - ESTA É A LISTA dos descendentes de Esaú - também chamado Edom. Ele casou com três mulheres em Canaã. Uma delas foi Ada, filha do heveu Bom, Outra foi Oolibama, filha de Aná e neta do heveu Zibeão, e a terceira foi sua prima Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.

4 - Esaú e Ada tiveram um filho chamado Elifaz. Esaú e Basemate tiveram um filho chamado Reuel.

5 - Esaú e Oolibama tiveram filhos chamados Jeús, Jalão e Coré. Todos estes filhos de Esaú nasceram em Canaã.

6, 7 e 8 - Esaú reuniu as mulheres, os filhos, as filhas, toda a gente a seu serviço, o ga­do, o rebanho - tudo o que tinha – e mudou de Canaã. Mudou para outra terra, porque era tanto o gado dele e o de Jacó, que a terra não dava. Esaú passou a morar no monte Seir.

9 - Estes são os nomes dos edumeus, descendentes de Esaú, moradores do monte Seir:

10, 11, 12 e 13 - Descendentes de Ada, nascidos a Eli­faz, filho dela: Temã, Ornar, Zefõ, Gaetã, Quenaz e Amaleque. Amaleque é fi­lho de Elifaz e sua concubina Timna. Descendentes de Basemate, nascidos a Reuel, filho dela: Naate, Zerã, Samã e Mizã.

14 - É bom lembrar que Esaú e Oolibama tiveram estes filhos: Jeús, Jalão e Coré.

15 e 16 - Esses netos e filhos de Esaú vieram a ser chefes de grupos de famílias. São eles, pois, os grupos de famílias de Temã, de Ornar, de Zefô, de Quenaz, de Coré, de Gaetã e de Amaleque. Todos os grupos de famílias dessa lista são descendentes de Elifaz, o filho mais velho de Esaú e da Ada.

17 - Agora vem a lista dos grupos de famílias descendentes de Reuel, filho de Esaú e de Basemate quando moravam em Canaã. São os grupos de famílias de Naate, de Zerã, de Samã e de Mizá.

18 - Os seguintes grupos de famílias são chamados pelos nomes dos filhos de Esaú e de Oolibama, filha de Aná. São os grupos de famílias de Jeús, de Jalão e de Coré.

19 - Aí estão, pois, os filhos e netos de Esaú, chefes dos grupos de famílias dos edumeus. Esaú e Edom são a mesma pessoa.

20 e 21 - Uma das famílias naturais da terra de Seir foi a do homem que deu nome ao território - Seir, o horeu. Aqui vão os nomes das tribos que descenderam de Seir: a tribo de Lotã, a tribo de Sobal, a tribo de Zibeão, a tribo de Aná, a tribo de Disom, a tribo de Eser e a tribo de Disã.

22 - Os filhos de Lotã - filho de Seir são Hori e Homã. Lotã tinha uma irmã chamada Timna.

23 - Filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã.

24 - Filhos de Zibeão: Aiá e Aná. Foi Aná que descobriu, as fontes de águas quentes em pleno deserto. Fez a descoberta quando es­tava pastoreando os jumentos do pai dele.

25 - Filhos de Aná: Disom e Oolibama - filha.

26 - Filhos de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.

27 - Filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Acã.

28 - Filhos de Disã: Uz e Arã.

29, 30 - Aí estão, pois, os nomes dos chefes das tribos dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Eser e Disã. Cada tribo teve seu território próprio na terra de Seir.

31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38 e 39 - Vem agora a lista dos reis de Edom. Eles reinaram antes de Israel ter tido o seu primeiro rei. Por ordem de sucessão - sucessão acontecida depois da morte de cada um deles - são: o rei Belá, filho de Beor, da cidade de Dinabá, em Edom. O rei Jobabe, filho de Zerá, da cidade de Bozra. O rei Husão, da terra dos temanitas. O rei Hadade, filho de Bedade, da cidade de Avite. Foi Hadade que comandou as forças que derro­taram os midianitas, quando in­vadiram o território de Moabe. O rei Samlá, da cidade de Masreca. O rei Saul, da cidade de Reobote, à margem do rio Eufrates. O rei Baal-Hanã, filho de Acbor. E o rei Hadar, da cidade de Pau. A mulher de Hadar era Meetabel, filha de Matrede e neta de Me­zaabe.

40, 41, 42 e 43 - Aqui está a lista das tribos menores - ou grupos de famílias - descendentes de Esaú. Viviam nas cidades que levavam os nomes delas. São os grupos de famílias de Timna, de Alva, de Jetete, de Oolibama, de Elá, de Pinom, de Quenaz, de Temã, de Mibzar, de Magdiel e de Irã. São estes, pois, os grupos de famílias - ou tribos menores - descendentes de Edom. Cada um dava o seu nome ao ter­ritório que ocupava. Todos os membros desses grupos eram edumeus, ou seja, descendentes de Esaú.

 


CAPÍTULO 37

1 - ASSIM JACÓ tornou a fixar residência na terra de Canaã, onde o pai dele tinha morado.

2 - Veja agora as coisas que aconteceram a Jacó: José estava com dezessete anos. O trabalho dele era pastorear os rebanhos com os irmãos dele. Como era muito jovem, ia junto com os filhos de Bila e de Zilpa, mulheres de Jacó. Quando voltava do campo, José contava ao pai as coisas más que eles faziam.

3 - Ora, José era o filho preferido de Israel, porque nasceu quando o pai já era muito idoso. Certo dia José ganhou do pai um fino traje, com belos bordados.

4 - Os irmãos ficaram odiando José, porque notaram que Jacó dedicava mais amor a ele. Já não conseguiam falar amigavelmente com José.

5 - Uma noite José teve um sonho, que contou aos irmãos. Eles ficaram com mais raiva dele ainda.

6 - Nas palavras de José, o sonho foi assim:

7 - "Vejam só!, Sonhei que nós estávamos colhendo trigo. Quando estávamos amarrando os feixes, o meu feixe ficou parado em pé. E não foi só isso. Os seus feixes rodearam o meu e se inclinaram diante dele!"

8 - Os irmãos responderam: "Você está querendo dizer que vai ser nosso rei? ou que vai mandar em nós?" Esse foi um dos estranhos sonhos de José. Os irmãos foram ficando cada vez com mais ódio dele, por causa dos sonhos e das palavras dele.

9 - José contou aos irmãos outro sonho que teve. Disse ele:

"Sabem? Sonhei que o sol, a lua e onze estrelas se inclinaram diante de mim."

10 - O pai estava junto e ouviu o sonho. Repreendeu José por isso, dizendo: "Ora, que significa isso? Que sonho é esse? Então você acha que eu, a sua mãe e os seus Irmãos vamos ter de nos Inclinar na sua frente?!"

11 - Os irmãos ficaram com inveja de José. Jacó não esqueceu esse acontecimento. Guardou o caso no coração, e ficava meditando nele.

12 - Um dia os irmãos de José levaram o rebanho do pai a Siquém, para dar pasto aos animais.

13 e 14 - Enquanto estavam por lá, Israel chamou José e disse: "Os seus irmãos estão em Siquém, dando pasto ao rebanho. Vã lã ver como estão eles e o rebanho. Depois venha cá me dar as notícias de co­mo vão." José obedeceu e partiu do vale de He­brom para Siquém.

15 - Quando estava procurando os irmãos pelos campos, um homem apareceu por ali."Que é que você está procurando?" perguntou ele a José.

16 - "Procuro meus irmãos e o rebanho que estão pastoreando, respondeu José."Você sabe onde eles estão?"

17 - "Sei, " disse o homem."Já não estão aqui. Ouvi quando falavam que iam para Dotã." José foi para lá e encontrou os irmãos.

18 - Mas quando ia chegando perto de onde estavam, eles viram que vinha vindo e decidiram acabar com ele!

19 e 20 - "Lá vem o sonhador!" exclamaram."Vamos dar cabo dele e deixar o corpo num desses poços. Depois diremos ao pai que José foi morto por, um animal selvagem. Então veremos em que vão dar os sonhos dele!"

21 e 22 - Quando Rúben ouviu o plano dos irmãos, pensou num modo de salvar a vida de José: Disse ele: "Não vamos matar nosso irmão com nossas próprias mãos! Olhem. Vamos colocar o rapaz neste poço seco." Rúben disse isso com a intenção de li­bertar José mais tarde.

23 e 24 - Quando José chegou, os irmãos tiraram a capa colorida dele, e lançaram o moço no poço seco.

25 - Mais tarde, quando estavam jantando, viram de longe uma caravana de ismaelitas. Ela vinha de Gileade e ia para o Egito. Os camelos estavam carregados de perfumes, temperos finos e goma.

26 e 27 - "Vejam!" disse Judá."Que vantagem teremos em matar o nosso irmão? Além de ficarmos com a culpa, não teremos lucro nenhum. Tratemos de vender José aqueles ismaelitas." Os irmãos concordaram.

28 - Assim, quando os negociantes passaram por ali, José foi vendido a eles por seus próprios irmãos! Vinte moedas de prata foi o preço. Feito o negócio, os israelitas continuaram a viagem para o Egito, levando José com eles.

29 - Rúben não estava junto com os irmãos quando os ismaelitas passaram. Mais tarde ele voltou lá para tirar José do poço. Quando viu que o rapaz não estava mais no poço, rasgou as roupas, cheio de aflição!

30 - "José desapareceu! E para onde vou eu agora?!" disse ele.

31 - Então os irmãos mataram um bode, e molharam o traje de José no sangue do animal.

32 - Depois mandaram a roupa cheia de sangue ao pai, com este recado: "Achamos isto no campo. Veja se é o traje de José ou não."

33 - Jacó reconheceu logo o traje."Sim, " disse ele."É do meu filho. Vai ver que um animal feroz devorou o pobre José! Decerto ele foi despedaçado!"

34 - E Jacó rasgou as roupas, e se vestiu com pano grosseiro, chorando por muitos dias o filho morto.

35 - Todos os membros da família tentaram consolar Jacó, mas em vão. Ele não aceitou as palavras de consolo."Vou chorar a morte do meu filho até morrer, " disse ele. E continuou lamentando muito a perda de José.

36 - Enquanto isso, chegando ao Egito, os negociantes de Midiã venderam José a Potifar, oficial do Faraó - rei do Egito. Potifar era o comandante da guarda real.

 


CAPÍTULO 38

1 - POR ESSE tempo, Judá saiu de casa, mudando para Adulã. Lá ficou morando na casa de um homem chamado Rira.

2 - Logo ficou conhecendo a filha do cananeu Sua. Casou com ela.

3, 4 e 5 - O casal teve três filhos: Er, Onã e Selá. Quando nasceu Selá, a família estava morando em Quezibe. O nome de Er foi escolhido pelo pai, e os outros dois, pela mãe.

6 e 7 - Quando Er, o filho mais velho, cresceu, Judá arranjou casamento para ele com uma jovem chamada Tamar. Como, porém, Er levava uma vida perversa aos olhos do Senhor, o Senhor mesmo o matou.

8 - Então Judá disse a Onã, irmão de Er: "Case com Tamar, conforme" as nossas leis. Assim, os filhos que você e ela tiverem serão herdeiros e sucessores de Er".

9 - Onã, porém, não queria ter filhos que não tivessem o nome dele. Por isso, cada vez que se deitava com Tamar, não com­pletava a relação. Deixava cair no chão ou na cama o líquido seminal. Fazia isso para não dar descendentes ao finado irmão dele.

10 - Deus reprovou essa atitude, e matou Onã também.

11 - Disse Judá ã sua nora Tamar que não se casasse com ninguém."Vá para a casa dos seus pais, e espere que Selá, meu filho, cresça", disse ele."Então ele se casará com você." Mas a intenção de Judá era evitar que acontecesse com o caçula o que tinha acontecido com os dois irmãos dele. Tamar voltou, pois, para a casa dos pais dela.

12 e 13 - Passou o tempo, e a mulher de Judá morreu. Depois que terminou o período costumeiro de luto, Judá viajou. Ele e seu amigo Rira, o adulamita, foram a Timna, para tosquiar as ovelhas. Alguém contou a Tamar: "Sabe? O seu sogro vai a Timna, para tosquiar ovelhas."

14 - Tamar andava desanimada, porque Selá já era homem, e nem ele nem o pai dele falavam em casamento.

Então ela trocou de roupa, deixando de se vestir como viúva. Cobriu o rosto com um véu e se disfarçou bem. Depois ficou sentada ã beira da estrada de Timna, perto da entrada da cidade de Enaim. Quem ia para Tinma passava por ali.

15 - Quando Judá chegou naquele ponto, viu a mulher, e pensou que fosse uma prostituta - porque ela estava com o rosto coberto pelo véu.

16 - Judá propôs a Tamar que passasse a noite com ele. Não sabia que era a nora dele."Quanto você me pagará?'' Perguntou ela.

17 - "Mandarei a você um cabrito do meu rebanho, " respondeu ele."Que garantia me dá de que mandará o pagamento?", perguntou Tamar.

18 - "Bem, que você quer como garantia?" indagou ele."Quero o seu selo de identificação com o cordão, e o seu cajado, " respondeu ela. Ele deu a ela essas coisas, e os dois dormiram juntos. O resultado foi que ela fi­cou grávida.

19 - Passadas estas coisas, Tamar voltou a se vestir como viúva.

20 - Judá encarregou o amigo adulamita de entregar àquela mulher o cabrito prometido. Também encarregou Hira de conseguir de volta as coisas que tinha deixado com ela como garantia. Mas ele não encontrou a mulher.

21 - Perguntou aos homens daquele lugar: "Onde posso encontrar aquela prostituta que ficava se oferecendo à beira da estrada, perto de Enaim?" "Nunca vimos qualquer prostituta ali, " respondiam todos.

22 - Voltando para Timna, Hira disse a Judá que não tinha achado a mulher, e lhe contou o que os homens do lugar tinham dito.

23 - "Pois bem, que ela fique com as mi­nhas coisas, " disse Judá."Fizemos o que podíamos. Se insistirmos nisso, só vão rir de nós."

24 - Quase três meses mais tarde, contaram a Judá que Tamar, a nora dele, devia ter caído em adultério, porque estava grávida."Tragam Tamar para fora, para que morra queimada, " gritou Judá.

25 - Quando estavam fazendo isso, ela mandou um recado ao sogro. O recado dizia: "O dono deste selo, deste cordão e deste cajado, é o responsável por minha gravidez. Você reconhece essas coisas?"

26 - Judá admitiu que eram dele, e disse: "Ela é mais correta do que eu. Sim, por que não cumpri minha promessa de fazer o casamento dela com meu filho Selá." Nunca mais Judá se deitou com Tamar.

27 e 28 - Chegou o tempo do nascimento. Nasceram gêmeos. Quando apareceu a mão de um dos bebês, a parteira amarrou Um barbante vermelho no pulso dele, para marcar quem nasceu primeiro.

29 - Mas o bebê recolheu a mão, e o outro acabou nascendo primeiro."Como foi que você conseguiu sair?!" exclamou ela. Por essa razão deram a ele o nome de Perez, que quer dizer "Brecha".

30 - Logo depois nasceu o outro - o que estava com o barbante no pulso. Deram a ele o nome de Zera, que quer dizer "Luz Nascente".

 


CAPÍTULO 39

1 - QUANDO JOSÉ foi levado para o Egito, foi vendido pelos ismaelitas a Potifar, oficial do Faraó, rei do Egito. Potifar era o comandante da guarda.

2 - O Senhor abençoou José, de modo que tinha sucesso em tudo o que fazia, ao prestar serviços na casa do seu dono Poti­far.

3 - Potifar notou isso. Entendeu que o Senhor estava com José de maneira muito especial, dando bons resultados a tudo quanto fazia.

4 - Assim José foi favorecido por ele. Pouco tempo depois, já estava na posição de administrador da casa de Potifar, o egípcio, e de todos os bens que ele tinha.

5 - Desde a hora em que José foi nomeado administrador, Deus abençoou Potifar por amor a José. E tudo foi correndo bem, tanto nos negócios da casa como nas plantações e rebanhos.

6 - Potifar passou a confiar tanto em José, que deixou tudo por conta dele. A tal ponto, que Potifar não tomava conhecimento de nada. A única coisa que resolvia pessoalmente, era o que levaria à boca para comer! Tudo mais José dirigia e resolvia! José era também um belo rapaz.

7 - Passado algum tempo, a mulher de Potifar começou a olhar José com interesse carnal. Chegou mesmo a propor a ele que se deitasse com ela!

8 e 9 - Mas José não caiu na tentação. Disse à mulher: "O meu senhor confiou a mim tudo o que é dele. Ele nem sabe o que existe na casa, porque deixou comigo a responsabilidade total. Tanto assim que ele não é mais do que eu nesta casa. E não me proibiu coisa alguma! É claro que a única coisa que não posso tocar é você, pois é mulher dele. Como poderia fazer essa maldade? Seria um grande pecado contra Deus!"

10 - A mulher não desistiu. Todos os dias falava com José, querendo a companhia dele.

11 e 12 - Um dia José foi até à casa para cuidar de uns negócios. A mulher estava sozinha. Ninguém estava por perto. Então ela segurou José pela roupa, dizendo: "Venha deitar comigo!" Mas José fugiu para fora da casa, e a roupa dele ficou nas mãos da mulher.

13, 14 e 15 - Quando a mulher viu que ele tinha fugido, e que estava com uma peça de roupa dele, pôs-se a gritar. Os outros homens que trabalhavam na casa chegaram, atendendo aos gritos dela. Disse a mu­lher: "Vejam só! O meu marido trouxe para casa esse hebreu, só para ofender a gente! Pois não é que ele quis me forçar a dormir com ele?! Mas eu gritei o mais alto que pude. Quando ele viu que eu gritava sem parar, fugiu, esquecendo a roupa dele aqui."

16 - Ela guardou a roupa de José, até quando Potifar voltou para casa.

17 e 18 - Então contou ao marido a mesma história. Disse ela: "Esse escravo hebreu que você trouxe para casa, veio me ofender. Mas como eu gritei, ele fugiu para fora, deixando a roupa dele ao meu lado."

19 e 20 - Ouvindo isso, Potifar ficou furioso. Mandou prender José na cadeia usada para os prisioneiros do rei.

21 - Mas o Senhor estava com José, e derramou Sua bondade sobre ele. O Senhor fez com que o carcereiro simpatizasse com José.

22 - Assim, o carcereiro encarregou José de cuidar de todos os presos que estavam naquela prisão. E José fazia tudo o que era preciso fazer ali.

23 - O carcereiro deixou de ter preocupação com o que acontecia na cadeia, porque José cuidava de tudo. O Senhor estava com ele. Por isso, tudo o que fazia dava certo, e as coisas corriam bem.

 


 

CAPÍTULO 40

1 - ALGUM TEMPO depois, o chefe dos garçons e o padeiro-chefe do palácio real ofenderam o rei do Egito.

2 - Foram parar na cadeia, por isso.

3 - Faraó mandou prender os dois na casa do comandante da guarda. Quer dizer que ficaram na mesma prisão onde estava José.

4 - Ficaram lá presos por algum tempo. O comandante da guarda encarregou José de cuidar deles.

5 - Aconteceu que, certa noite, os dois prisioneiros sonharam. O chefe dos garçons e o chefe dos padeiros perceberam que cada sonho tinha um sentido diferente. Eram sonhos que precisavam de inter­pretação.

6 e 7 - Na manhã do dia seguinte, José notou que eles estavam preocupados."Que aconteceu?" perguntou José."Por que vocês estão tristes?"

8 - Eles responderam: "Nós dois tivemos sonhos essa noite, mas ninguém aqui é ca­paz de dizer o que eles significam."

"Ora, interpretar sonhos é coisa que pertence a Deus, " disse José."Que foi que vocês sonharam?"

9, 10 e 11 - O chefe dos garçons contou a José o sonho que tinha tido. Disse ele: "Sonhei que na minha frente estava um pé de uvas, com três galhos. E vi que a planta estava produzindo flores e frutas. Os cachos já davam uvas maduras. O co­po do rei estava comigo. Então espremi as uvas no copo e o entreguei nas próprias mãos do Faraó."

12 e 13 - "Eu sei o sentido do sonho, " disse José."Os três galhos simbolizam três dias. Dentro de três dias, Faraó vai mandar soltar você. E você tornará a traba­lhar como chefe dos garçons do palácio.

14 e 15 - "Agora, escute. Quando sair daqui, faça o favor de falar bem de mim ao rei, para que me mande soltar. Porque o certo é que fui seqüestrado e trazido para longe do povo hebreu - ao qual pertenço. E não fiz nada para merecer esta pri­são."

16 e 17 - O chefe dos padeiros ficou entusiasmado, quando ouviu a boa interpre­tação. Por isso contou o sonho dele a José."No meu sonho, " disse ele, "vi três cestas de pão branco empilhados em cima da minha cabeça. A cesta de cima estava cheia daquelas coisas gostosas que o rei costuma comer. Mas as aves vieram e comeram tudo."

18 e 19 - "As três cestas significam três dias, " disse José."Dentro de três dias Faraó vai mandar cortar a sua cabeça. Depois vai mandar pendurar você num poste, e as aves vão comer a sua carne!"

20 - Três dias depois se comemorava o aniversário do nascimento de Faraó. Ele deu uma grande festa a todos os oficiais e a todo o pessoal de serviço no palácio. No meio da festa, o rei declarou que perdoava o chefe dos garçons, e condenou à morte o chefe dos padeiros.

21 - Assim o chefe dos garçons voltou ao seu trabalho, voltou a servir pessoalmente a Faraó.

22 - Mas o chefe dos padeiros foi morto no alto de um poste - como José tinha dito.

23 - Entretanto, o chefe dos garçons esqueceu José depressa. Não pensou mais nele!

 


CAPÍTULO 41

1 - DEPOIS DE DOIS anos completos, Faraó teve um sonho. No sonho ele se viu de pé, na margem do rio Nilo.

2 - E viu sair das águas sete lindas vacas gordas. E elas ficaram pastando no capinzal.

3 e 4 - Viu também sete vacas feias e magras saindo do rio. Foram atrás das gordas e ficaram paradas perto delas, na beira do rio. Depois as vacas magras comeram as gordas! Nesse ponto, Faraó acordou.

5 e 6 - Depois dormiu de novo e teve outro sonho. Sonhou que num só talo nasciam sete espigas cheias e boas. E em seguida nasceram mais sete espigas no mesmo talo, Mas estas não eram bem desenvolvidas, e estavam queimadas pelo vento leste.

7 - E as espigas feias devoraram as espigas boas. Nisso Faraó acordou, e viu que não passava de um sonho.

8 - De manhã Faraó ficou preocupado com os sonhos que tinha tido. Mandou chamar todos os mágicos e todos os sábios do Egito. Contou a eles os sonhos, mas ninguém pôde dizer o sentido deles.

9 - Só então o chefe dos garçons se lembrou de falar de José a Faraó. Disse ele: "Lembro agora o meu pecado!

10 - "Já faz tempo, Vossa Majestade ficou irritado comigo e com um colega meu de serviço, o chefe dos padeiros. Nós dois ficamos presos na cadeia da casa do comandante da guarda.

11 - "Uma noite, nós dois sonhamos, e contamos os nossos sonhos a um jovem hebreu escravo do chefe da guarda que estava lá, e ele interpretou os dois.

13 - "Pois bem, aconteceu tudo o que ele disse! Eu voltei para para o meu cargo, e o outro foi enforcado - como aquele moço tinha dito.

14 - Faraó mandou buscar José. Foram logo tirar o preso da cela. José fez a barba, trocou de roupa, e se apresentou a Faraó.

15 - Disse o rei: "Tive um sonho, e ninguém consegue dizer o que significa. Ouvi dizer que você é capaz de interpretar sonhos."

16 - "Eu mesmo não posso fazer isso, " disse José."Mas Deus dirá ao rei o sentido do sonho."

17, 18, 19, 20 e 21 - Então Faraó contou o sonho a José."Sonhei que estava de pé, na beira do rio Nilo. De repente vi que sete vacas belas e gordas saíram do rio e ficaram pas­tando no capinzal da margem. Logo depois saíram outras vacas - mas estas eram fracas, feias e magras. Nunca vi outras vacas tão feias como essas, em todo o território do Egito! E as vacas magras comeram as gordas! E para meu espanto, notei que as vacas continuaram magras, depois de terem comido as outras! Então acordei.

22, 23 e 24 - "Mas a coisa não parou aí, " disse o Faraó."Tornei a dormir e tive outro sonho. Sonhei que de um só talo saíam sete espigas boas e cheias de grãos. Depois nasceram no mesmo talo sete espigas feias, secas, queimadas pelo vento leste. Aconteceu que as sete espigas feias devo­raram as sete espigas boas. Contei os so­nhos aos mágicos, mas ninguém foi capaz de dizer o sentido deles."

25 - "Os dois sonhos são um só, " disse José."Pelo sonho Deus quis contar a Faraó o que Ele vai fazer.

26 e 27 - "As sete vacas boas simbolizam se­te anos. A mesma coisa as espigas boas, porque o sonho é só um. Também as sete vacas magras que apareceram depois das vacas gordas simbolizam sete anos de fome. As espigas feias que apareceram depois das espigas, boas simbolizam também sete anos de miséria.

28 - "Justamente o que acabo de dizer a Faraó é o que Deus vai fazer, e revelou ao rei.

29, 30 e 31 - "Vamos ter de agora em diante se­te anos de muita fartura em todo o território egípcio. Depois vamos ter sete anos de fome. A miséria será tanta que ninguém vai nem lembrar a fartura anterior. E a terra ficará morta e sem frutos. A crise será terrível, e a miséria será grande demais!

32 - "O sonho foi duplo para mostrar que essas coisas foram determinadas por Deus, e que Ele vai fazer isso logo.

33, 34, 35 e 36 – “Agora dou, esta sugestão a Faraó: "Faraó deve escolher um homem sensato e inteligente. Ele deverá ter autoridade sobre o país inteiro. O rei deve nomear também administradores em todas as regiões da nação. Os administradores cobrarão o imposto especial de um quinto de toda a produção, durante os sete anos de fartura. Toda a mercadoria recebida será guardada em armazéns e depósitos - como propriedade do rei, Assim o povo poderá ser sustentado com as provisões de Faraó, durante os sete anos de fome que virão. E a nação sobreviverá à crise."

37 - Faraó e os seus oficiais gostaram do conselho dado por José.

38 - Mostrando sua apreciação, Faraó disse aos oficiais: "Onde poderíamos achar outro homem como este? Logo se vê que o Espírito de Deus está nele!"

39 - Depois o rei disse a José: "Como Deus fez você ficar sabendo tudo isto, é claro que não existe ninguém que seja tão sensato e inteligente como você.

40 e 41 - "Por isso, você será o administrador da minha casa e do meu povo. Todo o meu povo obedecerá as suas ordens, como se você fosse eu mesmo. Só no trono real eu serei maior do que você. Digo e repito: Dou autoridade a você sobre todo o território do Egito."

42 e 43 - E para demonstrar bem isso, Faraó passou das palavras à ação. Tirou do dedo o anel com o timbre do selo real e pôs o anel no dedo de José. Mandou dar a ele finas roupas de linho, e colocou no pescoço dele um colar de ouro - como era costume entre os homens poderosos daquele tempo. Faraó saiu com o séqüito real, e fez com que José ocupasse a segunda carruagem: primeiro o rei e logo depois José! Além disso, o rei mandou gente na- frente, gritando, a todos: "Prestem homenagem a José! Fiquem inclinados diante dele!" Foi desse jeito que Faraó deu posse a José, como autoridade superior sobre toda a nação!

44 - Quando parecia que não restava mais nada a Faraó fazer, ele disse a José: "Eu sou Faraó., Mas ninguém vai mover a mão ou o pé sem a sua ordem. Quer dizer que, em todo o Egito, ninguém poderá tomar nenhuma iniciativa sem a sua expressa autorização."

45 - Faraó deu a José o título de Zafenate-Panéia, que quer dizer "Aquele que sustenta a vida" - título apropriado para o Administrador Geral da nação. E para completar as honrarias, Faraó deu Azenate em casamento a José. Ela era filha de Potífera, sacerdote de Om. José não perdeu tempo: tratou de percorrer logo todo o território do Egito.

46 - Nessa ocasião ele estava com trinta anos de idade.

47 - Começaram os sete anos de fartura, e a terra teve enorme produção.

48 - José foi juntando todo o mantimento que pôde, em todo o território do Egito. Isso durante os sete anos. O mantimento foi guardado nas cidades egípcias, tirado dos campos em derredor. José fez com que em cada cidade fossem armazenadas as produções das lavouras que ficavam perto dela.

49 - Assim, foi enorme a quantidade de mantimento que José conseguiu armazenar. Como a areia do mar! Foi tanto mantimento, que já não podiam contar! Foi além de todas as medidas!

50 - Antes de chegar o período de fome, Azenate, mulher de José, teve dois filhos.

51 - Ao primeiro José, deu o nome de Manassés, que quer dizer "Que Faz Esquecer". Ao dar esse nome, José disse: "Deus fez com que eu esquecesse a casa do meu pai, e todos os sofrimentos que tive."

52 - Ao segundo filho José deu o nome de Efraim, que quer dizer "Fruto em Dobro". Disse José na ocasião: "Deus me fez progredir na terra onde passei por aflições."

53 e 54 - Depois dos sete anos de fartura no Egito, começaram os sete anos de fome, como José tinha dito. Aconteceu, pois, que todos os países tiveram grande miséria. Só no Egito o povo tinha com que se alimentar.

55 - Porque, quando o povo egípcio começou a passar necessidades, clamou a Faraó. E a todos os egípcios que pediam socorro a Faraó, ele dizia: "Procurem José, e façam o que ele disser."

56 - Atendendo à crise geral, José mandou abrir todos os depósitos e começou a vender mantimento aos egípcios.

57 - Além disso, gente dos outros países vinha ao Egito e comprova provisões de José. Porque não foi só no Egito, nem só por perto do Egito, que a fome dominou. A fome dominou o mundo inteiro!

 


CAPÍTULO 42

1 - JACÓ FICOU sabendo que no Egito não havia falta de mantimento. Então disse aos filhos dele: "Vocês acham que adianta ficar olhando uns para os outros, sem fazer nada?

2 - "Ouvi dizer, " continuou Jacó, "que o Egito tem cereais armazenados. Vão lá comprar mantimento, se não, acabaremos morrendo de fome."

3 - Dez irmãos de José foram comprar cereal no Egito.

4 - Jacó não deixou ir Benjamim, o filho menor, irmão de José por parte de pai e de mãe. Jacó reteve Benjamim, dizendo: "Convém que ele fique, pois poderia acontecer algum desastre a ele."

5 - Iam caravanas de Canaã para o Egito, para resolver o problema da fome. E lá foram também os filhos de Israel.

6 - José era o governador do Egito. Era ele que fazia as vendas, e os irmãos de José foram então à sua presença quando chegaram, e se inclinaram diante dele!

7 - José logo reconheceu os irmãos, mas não disse nada quanto a isso. Falou secamente com eles, perguntando por meio de intérprete: "De onde vocês vêm?" Eles responderam: "Da terra de Canaã. Viemos comprar mantimento."

8 - José reconheceu os irmãos dele, mas eles não reconheceram José.

9 - José lembrou os sonhos que tinha tido sobre eles. Disse aos irmãos: "Vocês são espiões. Estão querendo descobrir os pontos fracos do Egito."

10 - "Não, senhor!" responderam eles."Estes seus servidores vieram aqui para comprar mantimento, e só.

11 - "Somos todos irmãos, por parte de pai. Somos gente honesta. Não somos espiões."

12 - José insistiu: "Nada disso! O que vieram fazer é outra coisa. Vocês querem conhecer os pontos fracos do pais."

13 - "Nós, que somos seus servidores, " disseram eles, "somos de uma família de doze irmãos, todos filhos de um homem que mora em Canaã. Estamos dez aqui. O mais novo de todos ficou com o pai. O outro não existe mais."

14 - Não adiantou. José continuou dizendo: "Não. Vocês não mudarão o que penso. Vocês são espiões.

15 - "Bem, " prosseguiu ele, "Há um jeito de provar o que dizem. Mas garanto pela vida de Faraó - que vocês não sairão daqui enquanto não apresentarem a prova. E a prova é esta: Tragam aqui o seu irmão mais novo.

16 - "Um de vocês vai buscar o rapaz. Enquanto isso vocês vão ficar detidos aqui. Assim ficará provado se vocês disseram a verdade. E se não - pela vida de Faraó - terei certeza de que são espiões."

17 - Dizendo isso, mandou prender todos eles numa cadeia.

18 - Três dias depois, José tornou a falar com eles. Disse: "Vou dar oportunidade a vocês para salvarem a vida - pois eu tenho temor de Deus, façam isto:

19 - "Se vocês são honestos, deixem um aqui na prisão, enquanto os outros vão levar mantimento para saciar a fome dos seus familiares.

20 - "Depois voltarão para cá, trazendo o irmão mais novo. Assim vocês provarão o que estão dizendo, e não serão mortos." Eles concordaram.

21 - Naquela hora os irmãos de José lem­braram o mal que tinham feito."Bem merecemos o que está acontecendo, " disseram."Pesa sobre nós a culpa do que fizemos ao nosso irmão. Vimos quanto ele sofreu! Ele suplicava tanto que tivéssemos dó, e nós não fizemos caso! Agora estamos pagando tudo. Agora passamos por esta angústia!"

22 - "Vocês decerto lembram o que falei na ocasião, " disse Rúben."Eu disse que não pecassem contra o rapaz. Mas vocês não quiseram escutar. Pois agora vejam! Temos de pagar pelo sangue dele!"

23 - Eles nem desconfiaram que José esta­va entendendo tudo o que falavam. Não desconfiaram porque, quando José falava com eles, usava intérprete, como se não soubesse a língua dos hebreus.

24 - José saiu um pouco, e chorou. Depois voltou para falar com os irmãos, e algemou Simeão na frente deles.

25 - José deu ordens para que enchessem de cereal os sacos que os irmãos dele tinha trazido para as compras. Mandou devolver o pagamento deles, colocando o dinheiro dentro dos sacos de mantimento. Além disso, mandou preparar alimento para a viagem deles. Os criados fizeram tudo o que José mandou.

26 - Os filhos de Jacó puseram os sacos de mantimento nos lombos dos jumentos, e foram embora.

27 - Quando estavam alojados numa hospedaria da estrada, um dos irmãos foi alimentar o jumento dele. Ao abrir um saco para tirar cereal, achou o dinheiro na boca do saco.

28 - "Vejam só!", disse ele."Devolveram o meu dinheiro! Encontrei na boca do saco de mantimento." Os outros quase desmaiaram. Ficaram olhando uns para os outros, cheios de me­do. E disseram: "Que será que Deus quer fazer conosco?"

29 - Continuaram a viagem para a terra de Canaã. Chegando em casa, contaram ao pai tudo o que tinha acontecido.

30 - "O governador do Egito foi duro conosco, " disseram eles a Jacó."Ele ficou dizendo que estávamos lá como espiões!

31 e 32 - "Nós dissemos: 'Somos gente honesta. Não somos espiões! Somos doze irmãos por parte de pai. Um não existe mais, e o menor está em casa, na terra de Canaã. '

33, 34 - "Mas aquele homem, que é a maior autoridade do Egito, respondeu: 'Só vejo um modo de vocês provarem que são honestos. Um de vocês fica detido aqui. Os outros podem ir para casa, levando mantimento para socorrer as famílias de cada um. Depois vocês vão ter de voltar para cá, trazendo o irmão mais novo. Se fizerem isso, ficará provado que estão sendo sinceros. Aí soltarei o seu irmão, e vocês poderão negociar à vontade no Egito. '"

35 - Depois de contarem a história toda, despejaram os sacos de mantimento no depósito. Aí viram o dinheiro de todos eles, amarrado em pequenos pacotes. O pai e os filhos ficaram cheios de medo.

36 - Então Jacó: "Vocês me deixaram sem dois filhos. José não existe mais, e Simeão está longe. E agora querem levar Benjamim! Como posso agüentar todas estas coisas?!"

37 - Foi quando Rúben falou ao pai: "Pode deixar que eu levo Benjamim, e o trago de volta. Se eu não cumprir minha palavra, pode matar os meus dois filhos!"

38 - "O meu filho não sairá daqui com vocês, " respondeu Jacó."Morreu o irmão dele, e ele ficou sozinho. É o que me resta. Se ele for e acontecer algum desastre com ele na viagem, vocês me farão morrer cheio de tristeza!"

 


CAPÍTULO 43

1 - A FOME continuava, e cada vez mais grave!

2 - Depois de algum tempo, acabou a provisão que os filhos de Israel tinham trazido do Egito. Disse Jacó a eles: "Vocês precisam ir lá de novo, para comprar mais mantimento."

3, 4 e 5 - Disse Judá: "Não dá, pai! O governador falou de um jeito que não deixa dúvidas. Ele afirmou: 'Não adianta nem querer falar comigo, se o seu irmão menor não vier Junto."Por isso, se o senhor resolver deixar Benjamim ir conosco, nós vamos. Se não, não. Pois, como já disse, o governador afirmou que não nos receberá, se o nosso irmão mais novo não for conosco."

6 - "Por que vocês tinham que falar a ele de Benjamim?", disse Jacó."Por que me feriram deste jeito?"

7 - "E que o homem ficou perguntando e perguntando, " disseram eles."Quis saber tudo sobre nós e os nossos parentes. Ele perguntou: 'Seu pai é vivo? Vocês têm outro irmão? E assim por diante. Só respondemos às perguntas dele. Como podíamos adivinhar que ele ia sair com esta exigência: 'Tragam o seu irmão'?"

8, 9 e 10 - Judá tornou a falar com seu pai Is­rael. Disse ele: "Deixe o rapaz aos meus cuidados. Sairemos logo para trazer alimento - para que não morramos de fome, nem nós, nem o senhor, nem as nossas crianças. Eu fico responsável por ele. O senhor me fará prestar contas. Se eu não trouxer de volta Benjamim são e salvo, pode lançar sobre mim a culpa toda. E poderá me tratar como culpado para sempre. Mas não nos faça demorar mais! Se tivéssemos ido, já estaríamos de volta a estas horas!"

11, 12, 13 e 14 - "Parece que não tenho escolha, " disse Israel."Como tem de ser assim, as­sim será. Mas tratem de levar os melhores presentes possíveis para aquele homem. Levem dos produtos mais preciosos deste território. Levem mel, perfumes finos, ervas e sementes aromáticas, goma e amêndoas. Não se esqueçam de levar dinheiro em dobro. Assim poderão devolver o pagamento da primeira compra e garantir bem a compra que agora vão fazer. Pode ser que o dinheiro que veio nos sacos tenha sido posto lá por engano. Levem dinheiro suficiente. E levem Benjamim. Preparem tudo depressa, e comecem logo a viagem para o Egito. Que o Todo-poderoso Deus derrame graça e misericórdia sobre vocês, ao encontrarem aquele homem. Para que ele liberte Simeão e deixe Benjamim voltar com vocês. Aqui fico eu esperando. E se tiver de perder meus filhos, que perca!"

15 - Os homens pegaram os presentes e o dinheiro em dobro. Depois dos preparativos, saíram para o Egito. E Benjamim foí também. Logo que chegaram, foram falar com o governador José.

16 - Quando José viu que Benjamim estava entre eles, deu ordens ao mordomo da casa dele. Disse: "Leve estes homens para casa e prepare um grande almoço. Mande matar umas cabeças de gado para isso. Prepare bem tudo, porque estes homens vão almoçar comigo hoje, ao meio-dia."

17 - O mordomo obedeceu, e levou os homens para a casa de José.

18 - Os filhos de Israel ficaram com medo, quando viram que estavam na casa do governador geral do Egito. Diziam uns aos outros: "Estamos aqui por causa do dinheiro que voltou conosco nos sacos de mantimento. Decerto ele vai fazer acusação contra nós, vai transformar a gente em escravos, e vai confiscar os nossos jumentos."

19 - Resolveram falar com o mordomo sobre isso, ali mesmo, à entrada da casa.

20, 21 e 22 - Disseram: "Ah, senhor! Uma vez, viemos comprar mantimento. Compra­mos, pagamos e fomos embora. Quando paramos numa hospedaria, encontramos todo o dinheiro nos sacos de mantimento. Agora estamos aqui de novo, e trouxemos de volta aquele dinheiro. Isso, além do dinheiro para comprar mais mantimento. Não sabemos quem colocou o dinheiro nos sacos."

23 - Mas o mordomo disse: "Fiquem tranqüilos. Não tenham medo. O Deus de vocês e dos seus pais é que deu o precioso presente que vocês acharam nos sacos de cereais. O pagamento que vocês fizeram chegou às minhas mãos. As contas estão em ordem." Dizendo isto, o mordomo soltou Si­meão e o levou à presença deles.

24 - Depois, fez os homens entrarem na casa de José. Ofereceu água para se lavarem, e deu ração aos jumentos.

25 - Os filhos de Jacó se lavaram, e pre­pararam o presente para dar ao governador, quando ele chegasse em casa. Porque tinham ficado sabendo que José viria ao meio-dia para almoçar com eles.

26 - Quando o dono da casa chegou, eles deram a ele o presente, e ficaram inclinados diante dele, com os rostos em terra.

27 - José quis saber como estavam eles, e em seguida perguntou: "Vocês me falaram do seu velho pai. Como vai ele? Ainda vive?"

28 - "O seu servidor, nosso pai, vive ainda, e vai bem, " responderam eles. E tornaram a baixar a cabeça, continuando inclinados.

29 - José dirigiu a atenção para Benja­mim, irmão dele por parte de pai e de mãe. Perguntou aos outros: "Vocês me falaram também do seu irmão mais novo. É este?" E sem esperar resposta, disse a Benjamim: "Deus o abençoe, meu filho, e lhe dê a graça divina."

30 - Nesse ponto, José não agüentava mais a emoção. Saiu às pressas, procurando um lugar para chorar. Estava tremendo por dentro! Correu para um quarto, e chorou.

31 - Depois se lavou e saiu. Conseguiu dominar as emoções, e mandou servir o almoço.

32 - Embora estivessem à mesma mesa, foram servidos separadamente. Primeiro José, depois os irmãos dele, e depois os egípcios que estavam almoçando ali. Porque os egípcios não podiam comer junto com hebreus. Seria uma verdadeira mancha na vida deles, se fizessem isso!

33 - José determinou os melhores lugares - na frente dele - para o irmão mais velho e para o mais novo. Isto causou certo espanto aos filhos de Israel.

34 - Na hora da distribuição das porções, notaram que a porção dada a Benjamin era cinco vezes mais do que a dos outros. O almoço foi alegre. Os irmãos de José comeram e beberam bem, e passaram bons momentos com ele.

 


CAPÍTULO 44

1 e 2 - MAIS TARDE José deu novas ordens ao mordomo. Disse ele: "Dê a estes homens o máximo de mantimento que eles puderem levar. Ponha o dinheiro deles na boca de cada saco de cereal. Agora preste atenção! Ponha o meu copo de prata na boca do saco de mantimento do rapaz mais novo, junto com o dinheiro do pagamento. E foi feito tudo o que José mandou.

3 - Os irmãos saíram de manhã de volta para casa, levando os jumentos carregados de provisões.

4 e 5 - Ainda não estavam muito longe da cidade, quando José disse ao mordomo: Vá atrás daqueles homens. Quando os alcançar, diga: "Por que vocês agiram mal assim? O meu senhor foí tão generoso com vocês! Por que roubaram coisas dele? Até o copo que ele usa para as adivinhações! Vocês agiram mal mesmo!"

6 - O mordomo foi e fez o que José mandou.

7, 8 e 9 - "O que você quer dizer com tudo is­so?" disseram os homens."Que espécie de gente você pensa que somos, para nos acusar desse jeito? Não devolvemos o dinheiro que achamos nos sacos de mantimento? Então, por que haveríamos de roubar prata ou ouro da casa do seu senhor? Pois bem, se você achar o tal copo com algum de nós, que morra o culpado! E os restantes serão escravos do seu senhor para sempre!"

10 - "Toda essa proposta está bem, " disse o homem, "menos uma coisa: só o ladrão ficará como escravo. Os outros poderão ir embora livremente."

11 - Trataram de baixar logo os sacos ao chão, abrindo um por um.

12 - O mordomo examinou as cargas, co­meçando da carga do mais velho e indo até à do mais novo. E para espanto geral, encontrou o copo no saco de mantimento de Benjamim!

13 - Os filhos de Israel rasgaram as roupas, de desespero, carregaram os jumentos e voltaram para a cidade.

14 - José ainda estava em casa quando chegaram Judá e os irmãos dele. E os hebreus se lançaram ao chão, diante dele.

15 - "O que vocês estavam querendo fa­zer?", perguntou José."Vocês não sabiam que eu sou capaz de adivinhar o que aconteceu? "

16 - Disse Judá: "Nem sabemos o que responder ao meu senhor! Que po­deríamos falar? Como poderíamos pro­var que somos inocentes? Deus nos está castigando por nossos pecados. Senhor, aqui estamos. Somos seus escravos, nos todos, incluindo aquele que estava com o copo de prata."

17 - "De modo nenhum!" disse José."Não seria justo. O homem que roubou o copo ficará como meu escravo. Os outros estão livres, e poderão ir para casa, para o seu pai."

18 - Então Judá chegou mais perto dele e disse: "Ah, meu senhor! Deixe-me dizer uma palavra. Bem sei que me pode des­truir num instante, como se fosse o próprio Faraó!

19 - "O meu senhor perguntou se tínhamos pai ou irmão, e nós dissemos que sim.

20 - "Dissemos: 'Nosso pai já é bem idoso. E com ele ficou o filho mais novo que nasceu quando o pai já tinha bastante idade. Eram dois irmãos, por parte de pai e de mãe. Só ficou ele, porque o outro morreu. E o pai gosta demais dele!'

21 - "Mas o senhor disse a estes seus servos: 'Tragam o rapaz, para que eu o veja. '

22 - "Nós dissemos: 'Senhor, o moço não pode sair de perto do pai, se não, ele morre!'

23 - "Mas o senhor nos disse: 'Se o seu irmão mais novo não vier, nunca mais rece­berei vocês. '

24 - "Assim, voltamos para casa e transmitimos as suas palavras ao nosso pai.

25 e 26 - "Quando ele nos mandou comprar mais mantimento no Egito, nós dissemos: 'Não podemos ir sem o nosso irmão mais novo. Só iremos se ele for também. Por­que o governador afirmou que não nos receberia, se fôssemos sem o rapaz. '

27, 28 e 29 - "A isso nosso pai nos disse: 'Vocês sabem que minha mulher me deu dois fi­lhos. Um deles desapareceu. Acabei achando que ele foi despedaçado por al­gum animal selvagem. Se levarem este ou­tro embora, e se acontecer algum desastre a ele, morrerei com o coração cheio de tristeza. '

30 e 31 - "Ah, senhor, " - continuou Judá - "se eu voltar sem o rapaz! Quando o nosso pai perceber que Benjamim não está conosco, morrerá certamente. Porque está muito apegado ao rapaz. E por nossa culpa os cabelos brancos do nosso pai irão com tristeza para o túmulo!

32 - "Senhor, eu me ofereci a meu pai pa­ra tomar conta de Benjamim. Disse eu: 'Se eu não trouxer o moço de volta, carre­garei a culpa para sempre. '

33 e 34 - "Agora, o que peço, senhor, é isto: Deixe que eu fique aqui como escravo, no lugar do rapaz, e deixe que ele volte para casa com os outros irmãos. Pois, como eu poderei encarar o meu pai, se Benjamim não for comigo? Eu não suportaria ver o sofrimento do meu pai!"

 


CAPÍTULO 45

1 e 2 - JOSÉ NÃO podia mais agüentar tu­do aquilo."Saiam todos vocês, " or­denou ele a todos os que estavam ali. E fi­caram somente José e os irmãos dele. En­tão José chorou. E as exclamações e os soluços eram tão altos, que podiam ser ouvidos pelos egípcios que estavam nas outras partes da casa. Até do palácio de Faraó podiam ouvir José chorando!

3 - "Eu sou José, " disse ele aos irmãos."Meu pai ainda está vivo?" Mas os irmãos nem puderam respon­der, tal foi o espanto.

4 - "Cheguem mais perto, " disse José. Eles chegaram. José continuou: "Eu sou José, o irmão que vocês venderam ao Egi­to.

5 - "Agora, nada de tristeza! E não fi­quem com raiva de vocês mesmos, por me terem vendido. Deus me mandou na fren­te de vocês para conservar a vida, por meu intermédio.

6 - "Porque o mundo já passou por dois anos de fome, e a fome vai durar mais cinco anos. Durante este período de tempo, ninguém terá plantações nem colhei­tas.

7 - "Deus me mandou primeiro que vo­cês. Fez isso para continuar a sua linha­gem e os seus descendentes, e para manter a vida de vocês por meio de um grande li­vramento.

8 - "Assim se vê que não foram vocês que me mandaram para cá mas, sim, Deus. E Deus fez de mim um verdadeiro pai para Faraó, senhor da casa dele e go­vernador de todo o território egípcio.

9, 10 e 11 - "Agora, não percamos tempo! Vão depressa para casa e digam ao meu pai que José, o filho dele, mandou este reca­do: Deus fez de mim o senhor de todo o território do Egito. Venha para cá o quanto antes. Uma região boa para o senhor morar é a terra de Gósen. As­sim o senhor estará sempre perto de mim. Não só o senhor, mas também os seus filhos, os seus netos, os seus reba­nhos, o seu gado - enfim, tudo que o senhor tem. Vindo para cá, será fácil providenciar o seu sustento. Porque vamos ter ainda cinco anos de fome universal. Faça o que estou dizendo, para que não caia a pobreza sobre o senhor, a sua família e tudo o que é seu. '

12 - "Vocês - que são filhos de Israel co­mo eu - podem ver com os seus próprios olhos que eu sou mesmo José. E Benjamim - que é filho de Raquel como eu ­também vê com os seus próprios olhos que é verdade o que estou dizendo.

13 - "Descrevam ao meu pai a brilhante posição em que estou no Egito. Contem a ele tudo o que vocês viram. Mas não se demorem. Vão logo buscar o meu pai!"

14 - Acabando de falar estas coisas, José se lançou ao pescoço de Benjamim, e chorou. Ali ficaram os dois abraçados e chorando.

15 - Depois José, chorando ainda, beijou todos os irmãos dele. Só então eles puderam falar com José.

16 - A notícia correu e chegou ao palácio real."Estão aqui os irmãos de José, " co­mentavam. Faraó gostou da notícia.

17 e 18 - Disse ele a José: "Diga a seus irmãos: Carreguem os seus animais e voltem à terra de Canaã. Chamem o seu pai e as suas famílias, e tragam todos eles para cá. Venham falar comigo, e eu darei a vocês terras do me­lhor tipo. E vocês terão sustento com far­tura."

19 - Não parou aí a boa vontade de Fa­raó. Disse ele ainda José: "Diga a seus irmãos que levem carrua­gens para a viagem das crianças e das mu­lheres.

20 - "Diga também que não fiquem preo­cupados com a questão de propriedades e bens, porque o que há de melhor no Egito será deles."

21 - Os filhos de Jacó seguiram as ins­truções que receberam. José deu carruagens a eles - como Fa­raó tinha mandado - e provisão para a viagem.

22 - Além disso, deu a cada irmão trajes próprios para festas. Mas a Benjamim deu trezentas moedas de prata e cinco trajes próprios para ocasiões festivas.

23 - José mandou para o pai dele dez ju­mentos carregados dos melhores produ­tos do Egito, e dez jumentos carregados de cereais e pães. Isto fora a provisão que mandou para a viagem de Jacó para o Egito.

24 - Feito isto, José despediu os irmãos. Quando iam saindo, disse: "Olhem lá! Não briguem durante a via­gem!"

25 - Assim os filhos de Israel saíram do Egito e foram para casa.

26 - Lá chegando, disseram a Jacó: "Veja só, pai! José está vivo! Ele é o governador de todo o território do Egi­to!" O coração de Jacó quase parou. Ele nem podia acreditar no que estava ouvin­do!

27 - Mas teve de acabar acreditando. Sim, porque os filhos foram repetindo tudo o que José tinha falado. Além disso, ali es­tavam as carruagens que José tinha man­dado para transportar a família. Quando Jacó viu que era verdade mes­mo, como que renasceu. O espírito dele ganhou nova vida.

28 - Disse Israel: "Não precisam falar mais nada! Meu filho ainda vive! Vou lo­go para lá, pois quero ver José antes de morrer. '

 


CAPÍTULO 46

1 - PASSANDO DAS palavras à ação, Israel partiu com tudo o que tinha. Parou primeiro em Berseba. Ali apre­sentou ofertas queimadas ao Deus do seu pai Isaque.

2 - Ainda em Berseba, Deus falou de noi­te com Israel, por meio de visões. Disse Deus: "Jacó! Jacó!" Ele respondeu: "Eis-me aqui."

3 e 4 - Disse Deus: "Eu sou Deus, o Deus do seu pai. Não tenha medo de ir para o Egito, porque lá mesmo eu vou fazer de você uma grande nação. Estarei com você na viagem de ida e na viagem de volta, porque chegará o dia em que farei os seus descendentes saírem de lá. E você vai ter este consolo: A mão de José fechará os seus olhos."

5, 6 e 7 - Então Jacó deixou Berseba. E os fi­lhos de Israel levaram o pai, os filhos e as mulheres deles, nas carruagens mandadas por Faraó. Não ficou nada, nem nin­guém, da família de Jacó em Canaã. Fo­ram todos os membros da família para o Egito. E também o gado e todos os bens que Israel tinha conseguido em Canaã.

8 - Aqui está a lista dos filhos de Israel que foram para o Egito. Inclui os filhos e os netos de Jacó: Rubén, o filho mais velho;

9 - Filhos de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi.

10 - Simeão e seus filhos: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, sendo que Saul era filho de uma mulher cananéia.

11 - Levi e seus filhos: Gérson, Coate e Merari.

12 - Judá e seus filhos: Er, Onã, Selá, Perez e Zera. Só que Er e Onã morreram na terra de Canaã. Filhos de Perez: Hezrom e HamuI.

13 - Issacar e seus filhos: Tola, Puva, Jó e Sinrom.

14 - Zebulom e seus filhos: Serede, Elom e JaleeI.

15 - São estes os filhos de Jacó e de Lia, nascidos em Padã-Arã. Diná também era filha dela. No total, os filhos e filhas, ne­tos e netas de Lia eram trinta e três pes­soas.

16 - Gade e seus filhos: Zifiom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Aro­di e Areli.

17 Aser e seus filhos: Imna, Isvá, Isvi, Berias e a irmã deles, Sera. Filhos de Berias: Héber e MalquieI.

18 - São estes os filhos de Zilpa, que La­bão deu a Lia para ser criada dela. Ao to­do, os filhos e filhas, netos e netas de Zil­pa eram dezesseis pessoas.

19 - Filhos de Raquel, a mulher de Jacó por escolha dele: José e Benjamim.

20 - No Egito nasceram estes filhos de José e de Azenate, filha de Potífe­ra, sacerdote de Om: Manassés e Efraim.

21 Filhos de Benjamim: Bela, Bequer, Asbel, Gera, Naamã,

Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde.

22 - São estes os filhos de Jacó e de Ra­quel. Ao todo, eram catorze pessoas.

23 - Dã e seu filho: Husim.

24 - Naftali e seus filhos: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.

25 - São estes os filhos de Bila, que Labão deu para ser criada de Raquel. Ao todo ­contando filhos e filhas - eram sete pes­soas.

26 - Quer dizer que os descendentes de Jacó, que foram com ele para o Egito, so­mavam sessenta e seis pessoas. Isto sem contar as mulheres dos filhos e dos netos de Jacó.

27 - Os filhos de José, que nasceram no Egito, eram dois. Assim, somando todas as pessoas da família de Jacó, que foram para o Egito, eram setenta.

28 - Jacó mandou Judá na frente, para avisar que estavam a caminho para Gó­sen. Assim Judá pôde guiar a caravana para Gósen, e lá chegaram eles são e salvos.

29 - José mandou preparar uma carrua­gem, e foi visitar o pai em Gósen. Quan­do se encontraram, José se lançou ao pes­coço de Israel, e chorou. E ficou muito tempo assim, abraçado ao pai e choran­do.

30 - Israel disse a José: "Agora posso morrer tranqüilo, pois vi você! Encontrei vivo o meu filho!"

31 e 32 - José falou com os irmãos e com to­da a família de Israel. Disse ele: "Vou fa­lar com Faraó. Vou dizer isto a ele: 'Os meus irmãos e toda a família do meu pai vieram de Canaã para cá. Eles trabalham como pastores e criadores de gado. Trou­xeram para o Egito os rebanhos, o gado e tudo quanto têm.

33 e 34 - "Agora, atenção! Quando Faraó perguntar qual é a profissão de vocês, res­pondam assim: Estes seus servidores trabalham como vaqueiros desde pequenos. Esse era o tra­balho dos nossos antepassados, e conti­nua sendo o nosso."Falando isso, Faraó deixará vocês morarem na região de Gósen - terra própria para o gado, e um tanto isolada da população do Egito."Porque o serviço de vaqueiro e de pastor causa vergonha e desprezo aos egípcios."

 


CAPÍTULO 47

1 - JOSÉ CUMPRIU o que tinha prometido, pois procurou logo falar com Faraó. Levou com ele cinco dos seus irmãos. Disse José a Faraó: "Meu pai e meus irmãos chegaram da terra de Canaã. Trouxeram os rebanhos, o gado e tudo o que têm. Estão na região de Gósen."

2 - Depois de dizer isso, José fez entrar os cinco irmãos, e os apresentou ao rei.

3 e 4 - "Em que vocês trabalham?" per­guntou Faraó."Estes seus criados são pastores. Os nossos antepassados traba­lhavam nisso, e nós continuamos na mes­ma profissão. Viemos para este pais, "responderam eles", porque onde morávamos desapareceram os pastos. A miséria é grande demais na terra de Ca­naã. Os animais não encontram o que co­mer. Por isso, pedimos respeitosamente a Vossa Majestade permissão para morar na região de Gósen."

5 e 6 - "São os seus pais e os seus irmãos que vieram ao seu encontro", disse Faraó a José."Todo o território do Egito está à sua disposição. Escolha a melhor parte do território para dar ao seu pai e aos seus ir­mãos. Se a região de Gósen é satisfatória para eles, ótimo! Podem morar lá."Outra coisa, " disse Faraó."Se você acha que os seus irmãos são bons mesmo para esse trabalho, quero que trabalhem para mim também. Contrate alguns deles para cuidarem do meu gado."

7 - José levou Jacó ao palácio real e apre­sentou seu pai a Faraó. Jacó saudou Faraó pedindo a bênção de Deus para ele.

8 - Faraó perguntou a Jacó: "Qual é a sua idade?"

9 - Jacó respondeu: "Tenho 130 anos. Minha vida não é muito longa. Meus pais tiveram vida mais longa. Mas as minhas andanças me deixaram dolorosas marcas e recordações!

10 - Ao se despedir, Jacó tornou a pedir a Deus que abençoasse o rei. Então saiu.

11 - José deu todo apoio ao pai e aos ir­mãos para se estabelecerem no Egito. E como Faraó tinha mandado, deu a eles es­critura de posse da melhor parte da região de Gósen - também chamada "Terra de Ramessés".

12 - José garantiu o sustento de Jacó e de toda a família dele. Não descuidou de ne­nhum dos filhos e netos de Israel.

13 - A situação de fome continuava. Tan­to o povo do Egito como o povo de Canaã já não tinha o que comer.

14 - Como tinham de comprar cereal de José, todo o dinheiro do Egito e de Canaã foi parar nos cofres de Faraó.

15 - Assim se acabou o dinheiro dos egípcios e dos cananeus. Então os egípcios foram a José em busca de manti­mento. Disseram a ele: "Se você não nos for­necer mantimento, morreremos de fome na sua presença. Porque não temos mais dinheiro."

16 - Disse José: "Bem, se vocês não têm dinheiro, podem pagar com o seu gado. Em troca do gado, darei mantimento a vocês."

17 - Fizeram o que José disse. Assim José deu mantimento a eles em troca de gado, de cavalos, de rebanhos e de jumentos. Desse modo, conseguiram passar aquele ano.

18 e 19 - No começo do ano seguinte, foram de novo falar com José. Disseram a ele: "Não podemos deixar de mostrar a nossa triste situação. Não foi só o nosso dinhei­ro que se acabou. Nem animais nós temos - porque o senhor ficou sendo dono de­les. Não temos nada mais Só nos restam os nossos corpos e as nossas terras! Só ve­mos uma solução, para não morrermos – nós e a nação. Compre as nossas pes­soas e as nossas terras, em troca de alimento. Nós e as nossas terras ficaremos escravos de Faraó. Estamos dispostos a isso. Basta que nos forneça cereal, para não morrermos, e para que a terra não fique deserta".

20 - Assim José comprou todo o ter­ritório do Egito para Faraó. Porque a miséria era tanta, que os egípcios vende­ram os terrenos que tinham em troca de alimento.

21 - Toda a população egípcia ficou es­crava de Faraó - de uma ponta à outra do país.

22 - Só os sacerdotes continuaram livres. Porque eles tinham direito ao sustento dado diretamente por Faraó. Por isso não precisaram vender as terras deles.

23 e 24 - José disse ao povo: "Acabo de comprar vocês todos e suas terras para Faraó. Em troca, dou estas sementes para semear a terra. Do que colherem, terão de dar a quinta parte ao Faraó. As outras quatro partes serão para semear as terras e para alimentar vocês e toda a sua gente, com atenção especial às crianças."

25 - "Você devolveu as nossas vidas!" responderam os egípcios."Seremos es­cravos de Faraó. Só queremos contar com a sua bondade para conosco."

26 - José decretou a lei de que a quinta parte das colheitas era de Faraó. Essa lei vigora até o dia de hoje. Essa lei não se aplica aos sacerdotes, porque eles não precisaram vender as ter­ras deles a Faraó.

27 - Em meio a essa situação toda, Israel morou no Egito, na região de Gósen. Ele e os filhos dele ficaram sendo donos de terras ali, e os descendentes deles foram muito numerosos.

28 - Depois de chegar ao Egito, Jacó vi­veu mais dezessete anos. Quer dizer que ele viveu 147 anos, ao todo.

29 e 30 - Quando percebeu que ia chegando o dia de sua morte, Israel mandou cha­mar seu filho José. Disse Israel a ele: "Espero que você seja bondoso para mim. Ponha a mão debaixo da minha co­xa - como é costume fazer na hora das promessas. Agora, seja bondoso e leal pa­ra comigo, e faça o que peço: não me en­terre no Egito. Leve os meus restos para Canaã. Quero que me enterre no mesmo lugar em que foram enterrados os meus pais"."Pode estar certo que faço isso, " res­pondeu José."Vou fazer o que está pe­dindo".

31 - Disse Jacó: "Dê sua palavra!" José deu sua palavra ao pai. Então Israel ficou mais tranqüilo e se recostou na cabeceira da cama.

 


CAPÍTULO 48

1 - NÃO MUITO tempo depois, disse­ram a José que o pai dele estava doente. José foi com seus dois filhos, Ma­nassés e Efraim, visitar o pai.

2 - Avisaram Jacó: "O seu filho José está aí. Ele quer ver você." Com muito esforço, Jacó pôde ficar sentado na cama, para receber melhor o filho.

3 e 4 - Depois das saudações, Jacó disse a José: "O Deus Todo-poderoso apareceu a mim na região da cidade de Luz - que é Betel - na terra de Canaã. Ele me abençoou e disse: "Farei com que você te­nha muitos filhos, e que os seus descen­dentes se multipliquem. Farei com que eles venham a formar muitos povos. Além disso, vou fazer com que os seus descen­dentes fiquem sendo os legitimas donos deste território, e para sempre!'

5 e 6 - "Agora, escute bem, José. Os dois filhos seus, Manassés e Efraim, que nas­ceram neste país, passam a ser meus. Tão meus como Rúben, Simeão e qualquer dos outros! Eles serão conhecidos como filhos de Israel. Os outros filhos que você tiver serão seus. Algum deles dará nome ao povo que descender de você.

7 - "Quanto sofri quando Raquel mor­reu!" continuou Jacó."Vínhamos vindo de Padã para Efrata - que é Belém quando morreu. Faltava pouco para che­garmos a Efrata. Tive de enterrar sua mãe. Raquel ali mesmo, à beira da estrada de Belém."

8 - No meio dessas recordações, Jacó no­tou de repente a presença dos filhos de José. Perguntou quem eram.

9 - "São os filhos que Deus me deu neste país, " respondeu José."Traga os dois aqui, perto de mim, " disse Israel."Quero abençoar os seus fi­lhos."

10 - Jacó estava quase cego, por causa da velhice. Enxergava muito mal. José fez os filhos ficarem bem perto do avô deles. Israel beijou e abraçou os ne­tos.

11 - Disse Jacó a José: "Eu não tinha mais esperança de ver você, e veja isto! Deus me fez ver você e os seus filhos!

12 - Depois José afastou de Israel os dois filhos, e ficou inclinado diante do pai, com o rosto em terra.

13 - Depois deu a mão direita a Efraim e a esquerda a Manassés. Os três ficaram de frente para Israel, e bem perto dele. Ma­nassés estava à direita e Efraim à esquer­da do avô.

14 - Mas Israel pôs a mão direita sobre a cabeça de Efraim, e a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés. Para fazer isso, precisou cruzar os braços. Assim, Israel deu a Efraim - mais novo - a bênção que normalmente caberia a Manassés ­mais velho.

15 e 16 - Israel abençoou José, nas pessoas dos filhos dele. Disse ele: "Deus - o Deus diante de quem anda­ram os meus pais Abraão e Isaque. Sim, o Deus que me sustentou durante a vida in­teira, até hoje - o Anjo que me tem li­vrado de todo mal - abençoe estes rapa­zes. Que eles sejam chamados pelo meu nome, e pelo nome dos meus pais Abraão e Isaque. E que os descendentes deles ve­nham a ser uma verdadeira multidão na terra."

17 - José viu o pai colocar a mão direita sobre a cabeça de Efraim, e não gostou. Pegou a mão do pai, querendo mudá-la para a cabeça de Manassés.

18 - Enquanto fazia isso, disse José: "As­sim não, pai. O filho mais velho é este. Ponha a mão direita sobre a cabeça de­le."

19 - Mas Israel não aceitou isto. Disse ele: "Eu sei, meu filho, eu sei. Os descenden­tes de Manassés formarão um grande po­vo. Mas os de Efraim formarão um povo maior ainda. Muitas nações serão forma­das por eles."

20 - Continuando a pronunciar a bênção, disse Jacó: "Vocês servirão de modelo para a bênção que darei a outros. Pensando em vocês, o povo de Israel abençoará outros dizendo: 'Deus faça a você o que fez a Efraim e a Manassés. '' Ainda aí Jacó pôs o nome de Efraim na frente do nome de Manassés.

21 - "Vou morrer logo, " disse Israel a José."Mas Deus estará com vocês e os le­vará de volta à terra dos seus pais.

22 - "As terras de Canaã serão repartidas aos meus filhos. Mas você receberá uma parte especial - mais do que seus irmãos. Porque desde já eu dou a você uma encos­ta de montanha que conquistei dos amor­reus com a minha espada e com o meu ar­co."

 


 

CAPÍTULO 49

1 - DEPOIS JACÓ mandou chamar os outros filhos, e disse: "Fiquem todos juntos, e eu direi a vocês coisas que vão acontecer no futuro:

2 - "Ouçam todos juntos, filhos de Jacó. Escutem as palavras de seu pai:

3 e 4 - "Rúben, você é o meu primeiro fi­lho. Você é a expressão da minha força, o primeiro fruto da minha vitalidade. Você é o melhor, não só na aparên­cia altiva, mas também na força. Você é arrojado como correntes de águas. Entretanto, não será o melhor de todos, porque usou em pecado a ca­ma do seu pai! Você manchou a ca­ma do seu pai!

5, 6 e 7 - "Simeão e Levi são irmãos por par­te de pai e mãe. Usam a espada para a violência. Não faço parte dos planos deles, e não permito que eles gozem da mi­nha fama. Porque não controlaram a fúria, e saíram matando homens e aleijan­do bois. Coração maldoso é o que eles têm! Pois lanço maldição sobre a tre­menda fúria deles, e sobre o duro rancor que demonstraram. Dentro do próprio povo de Israel dividirei as forças e os homens de Simeão e Levi!

8, 9, 10, 11 e 12 - "Com Judá é diferente! Judá, os seus irmãos lhe farão elo­gios e mostrarão grande respeito por você. A sua mão esmagará os seus inimi­gos! Judá é como um leão novo. Meu filho, você pegou a sua presa e depois subiu vitorioso. Agora fica inclinado e deitado co­mo leão, ou como leoa. Será que alguém tem coragem de acordar Judá?! Ninguém tirará dele o trono real, até chegar Siló, aquele que é o verdadeiro dono de­le. Os povos lhe obedecerão. Terá tão grandes plantações de uvas, que amarrará o jumento dele num pé de uvas. Usará mesmo a melhor parreira pa­ra amarrar o animal de carga! Produzirá tanto vinho, que lavará roupa nele! Sim, lavará a capa dele com suco de uva! Sempre dispõe de vinho para beber. Não estão sempre brilhantes os olhos dele? E nunca falta leite em sua casa. Vejam os dentes dele! Estão sempre brancos, por causa do leite que be­be.

13 - "Zebulom vai morar na zona das praias do mar. No território dele estarão os por­tos. As terras de Zebulom chegarão até Sidom.

14 e 15 - "Issacar é como um jumento de fortes ossos. Vive deitado entre os rebanhos de ovelhas. Viu que era bom ficar descansando e gozando as delícias da boa terra. Para continuar assim, aceitou car­ga dos outros, e concordou em tra­balhar como escravo.

16 e 17 - "Dã será juiz do povo, como se fosse uma só tribo.

Dã será como uma serpente ao lado da estrada, como uma cobra na bei­ra do caminho. Será como a cobra que morde o cal­canhar do cavalo, ele empina, e o cavaleiro cai para trás.

18 - "Senhor, confio em que me salve!

19 - "Gade será atacado por guerrilhei­ros. Mas depois ele irá atrás deles e os atacará.

20 "Aser terá fartura de mantimento. Produzirá coisas deliciosas, dignas de reis.

21 "Naftali é leve e elegante como uma gazela solta nos campos. E como fala bonito!

22, 23, 24, 25 e 26 - "José é como um ramo cheio de frutas, como um ramo frutifero junto de uma fonte. Os galhos desse ramo passam para o outro lado do muro. Guerreiros amargam a vida dele. Atiram flechas nele e o aborrecem. Mas o arco de José continua firme. As mãos do Poderoso de Jacó, sim, as mãos do Pastor e Rocha de Is­rael dão energia aos braços de José para a ação. É o Deus do seu pai que o ajudará, José. O Todo-poderoso vai abençoar vo­cê com bênçãos dos altos céus, com bênçãos dos lugares profundos, e com as bênçãos da maternidade fe­cunda e cheia de saúde! As bênçãos deste seu pai são muito mais e maiores do que as bênçãos de meus pais. São tantas e tão grandes que é co­mo se chegassem ao topo dos mon­tes eternos. Que estas bênçãos venham sobre a cabeça de José. Sim, pois ele é mais notável do que todos os seus irmãos!

27 - "Benjamim é como um lobo. De manhã devora a presa, e de tar­de reparte o que sobrou."

28 - Aí estão citadas as doze tribos de Is­rael. E aí está registrado o que o pai delas falou. Deu a cada um a bênção própria.

29 - Depois Israel deu aos filhos estas ins­truções; "Vou morrer logo - e vou ficar junto com o meu povo, que foi antes de mim. Vocês devem enterrar os meus restos mor­tais na caverna do campo do heteu Efrom. Lã onde foram enterrados os meus pais.

30 - "Estou falando na caverna que fica no campo de Macpela, que faz fronteira com Manre, na terra de Canaã. Abraão comprou aquele campo e a caverna de Efrom, e recebeu a escritura de posse da propriedade. Fez a compra para usar a caverna como cemitério particular.

31 e 32 - "Ali foram enterrados os dois ca­sais: Abraão e Sara, e Isaque e Rebeca. Ali enterrei Lia, minha mulher. Todos eles estão enterrados na caverna e no campo comprados dos heteus."

33 - Logo depois de ter dado essas ordens e instruções aos filhos, Jacó morreu. Sim­plesmente encolheu os pés na cama, e morreu. E se juntou ao povo dele.

 


CAPÍTULO 50

1 - JOSÉ SE LANÇOU sobre o pai, bei­jou o rosto dele, e ali ficou choran­do.

2 - Ele tinha criados que eram médicos. Mandou embalsamar o corpo de Israel. Os médicos obedeceram.

3 - O processo de embalsamamento du­rou quarenta dias - que era o prazo normal para isso. Os egípcios fizeram luto de setenta dias.

4 e 5 - Depois que terminou o período de luto, José teve uma entrevista com pes­soas da casa de Faraó. Disse ele: "Por fa­vor, peço que falem por mim a Faraó. Di­gam a ele que falei isto: Meu pai me fez prometer uma coisa séria. Disse ele: Vou morrer logo. Na terra de Canaã preparei um túmulo para mim. Prometa que me enterrará naquele túmulo. Dese­jo ir para lã e fazer o enterro do meu pai. Depois eu volto. ''

6 - "Faça isso, " respondeu Faraó."Cumpra a promessa que fez a seu pai."

7, 8 - José foi - e não foi sozinho. Foram com ele todos os oficiais do rei, os membros mais importantes da família do rei, e todas as pessoas mais importantes da nação egípcia. Isto sem contar a família de José, os irmãos dele e os demais mem­bros da família de Jacó. Dos parentes de Jacó residentes no Egito, só ficaram lá as crianças. Naturalmente deixaram no Egi­to os rebanhos e o gado.

9 - Foi organizada também uma grande caravana de carros e cavaleiros. Deste modo, o acompanhamento do enterro foi enorme.

10 - Chegaram no terreiro de secagem de Atade - a oeste do rio Jordão. Ali chora­ram muito a morte de Jacó. José chorou o pai durante sete dias.

11 - Os cananeus que moravam naquela região viram o luto no terreiro. Ficaram admirados com as demonstrações de tris­teza, e diziam: "Mas como estão chorando esses egípcios!" Por isso aquele lugar - que fica para lá do Jordão - tomou o nome de Abel­mizraim, que quer dizer "Choro dos Egípcios"

12 e 13 - Os filhos de Israel fizeram o que o pai deles tinha mandado. Foram à terra de Canaã e enterraram o corpo na caver­na do campo de Macpela, na fronteira de Manre. Essa caverna e esse campo é que Abraão tinha comprado do heteu Efrom. Abraão recebeu escritura de posse, com direito de usar a propriedade como ce­mitério da família.

14 - Depois José, seus irmãos e todos os que foram com eles ao enterro, voltaram para o Egito.

15 - Com Jacó morto, os irmãos de José ficaram com medo. Disseram uns aos ou­tros: "Agora decerto José vai perseguir a gente. Decerto vai querer tirar desforra do mal que fizemos a ele".

16 e 17 - Por isso mandaram este recado a José: "Antes de morrer, o seu pai deixou uma mensagem a você. A mensagem é es­ta: Perdoe as maldades dos seus irmãos. Perdoe o pecado que cometeram, com o mal que fizeram a você. Agora lhe pedi­mos que perdoe o mal que fizemos. Peca­mos, é certo, mas somos servos de Deus." Enquanto estavam transmitindo o reca­do dos irmãos dele, José ficou chorando.

18 - Depois os irmãos foram falar pes­soalmente com ele. Ficaram inclinados diante de José, e então dirigiram a pala­vra a ele. Disseram: Aqui estamos, prontos para servi-lo como seus escravos.

19 - "Não tenham medo, " respondeu José."Por acaso estou no lugar de Deus?

20 - "É bem verdade que vocês planeja­ram o mal para mim. Mas Deus transfor­mou o mal em bem, para fazer aquilo que agora vocês estão vendo. Porque por este meio Deus está salvando a vida de muita gente.

21 - "Daí, não tenham medo. Vou garan­tir o sustento de vocês e dos seus filhos." As palavras de José tocaram o coração dos irmãos. Eles ficaram entusiasmados!

22 - José e toda a família de Jacó ficaram morando no Egito. José viveu 110 anos.

23 - Chegou a ver os filhos e os netos de Efraim. Viu também os filhos de Maquir, filho de Manassés. José teve a alegria de tomar os netos nos joelhos.

24 - No fim da vida, José disse aos irmãos dele: "Está chegando o dia da minha morte. Mas tenho absoluta certeza de que Deus virá ao encontro de vocês no tempo certo. Ele fará com que vocês saiam do Egito e voltem para Canaã. Porque Se prometeu dar aquela terra a Abraão, a lsaque e a Jacó."

25 - Então José pediu que os irmãos dele fizessem uma promessa. Disse José: "Como é certo que Deus fará o que acabo de dizer, prometam que levarão os meus os­sos com vocês quando voltarem para Canaã."

26 - José morreu com 110 anos. O corpo foi embalsamado e posto num caixão, no Egito.